sábado, abril 14, 2007

“Ser ou não ser, eis a questão”



Na pacata cidade de Stratford-upon-Avon nasceu em 1564 William Shakespeare, o autor do célebre título.

Anda hoje, o Globe Theatre - mandado construir por ele segundo consta - faz representar as peças de teatro mais famosas de que há memória; como Hamlet ou Rei Lear, por exemplo.
Pelos parcos recursos onde sempre fui criado, é óbvio que nunca teria a possibilidade de estar presente em qualquer delas. Tal como a maior parte dos inquilinos deste Palacete à beira-mar, e que adoram representar numa sala que temos para o efeito, jamais constam sonhar lá ir um dia. No entanto, temos a televisão de serviço público que nos permite acompanhar outras quase de igual sucesso.

Não é que tenha qualquer importância para o debate da questão saber se para ser PM é necessário possuir altos estudos académicos. Em todas as formas de governo por esse mudo fora há, e houve sempre, de tudo um pouco à frente dos des(a)tinos de nações prósperas. Desde cow-boys a exterminadores implacáveis, magnatas dos media e do petróleo a fundamentalistas religiosos, de simples operários a músicos ou atletas de alta craveira.

O teatro grego impôs as suas regras muito antes de se saber que a mentira é a máxima expressão da esquerda-baixa para um trágico suspense em palco. O chinês, na sua forma de No e Kabuki, talvez tivesse surgido anteriormente para que fosse dado forma aos clichés mais sonantes, e o italiano com a sua commedia dell’arte, suponho eu, também tiveram a sua quota-parte para que o drama surtisse efeito.
Mas passados que foram os anos trinta – os anos dourados dos actores portugueses que ainda hoje consagramos – a tendência de se fazer da política um palco, continua.

Tal como na vida, cada um de nós tem um papel a desempenhar. Uns fazem de heróis, outros de vilões. Mas infelizmente, tendo como ponto a mesquinhice nacional.