segunda-feira, agosto 07, 2006

Caso Gisberta



Data do dia 1 de Agosto a sentença do TMFP que condenou os treze menores envolvidos nos maus-tratos, e consequente morte do transsexual brasileiro Gisberto Salce Júnior, de 46 anos, a penas de onze a treze meses de internamento em centro educativo.
Pouco? Muito? Será salomónica a pena?

Vejamos.
Crimes hediondos, maus-tratos, , droga, armas, perturbações da ordem, assaltos, corrupção, etc., em sociedades que demoram a desenvolver-se acabarão sempre por suceder em maior escala do que em outras, onde a educação é diferente e o cultivo e respeito pela vida tem outro valor. Portugal terá que estar em qualquer lista ou estudo que trate do assunto na pior metade da tabela. E para agravar o imbróglio, recorro-me da frase de um jornalista do Expresso: "Portugal é um país com muitos países dentro".


Mas a grande questão de causa/efeito que reside nestes rapazes, sem sombra de dúvida, é o índice de pobreza em que foram criados e os "maus exemplos" que a sociedade moderna e livre proporciona, quer aos fortes, quer aos, fracos. Coisas que os delinquentes juvenis gostam de imitar ou, até, inventar. E por sinal, temos por aqui umas dezenas largas que a viveram, passam por isso, e sabem o que é.


Outro sinal dos tempos, é o molde educativo. Não sei se alguém se recorda que a maior parte dos filhos de famílias pobres e numerosas em tempos que já lá vão, eram educados ao cinto, à chapada e ao tareão. E quantos viraram bandidos? Não quer isto dizer que defenda, ou que a partir de agora vai tudo à paulada e ao pontapé. Nada disso. Simples constatação apenas.
Outro pormenor que não me escapa, é não vislumbrar ou conhecer nestes corredores com celas ajustadas, casapianos do “antigamente” ou de qualquer outro estabelecimento da chamada “titoria”.

Para além disso, confiando na palavra dos cretinos que enveredaram pelo vasto mundo do crime, e que por acaso se tornaram meus amigos neste espaço, a violência atingiu hoje em dia elevados graus de gratuitidade e leveza. No tempo deles, dizem, só a usavam se se sentissem apertados.

De qualquer modo, nada do que está escrito atrás é uma certeza. No entanto fica o desabafo. Pois quem seremos nós para ajuizar de penas leves quando as pesadas que são nossas já nos tiram por vezes sem conta, o sono que os justos deviam ter.


Certo, certo, é que o/a Gis foi p’rá sucata!

15 Comments:

Blogger zazie said...

"Pois quem seremos nós para ajuizar de penas leves quando as pesadas que são nossas já nos tiram por vezes sem conta, o sono que os justos deviam ter.

Pois poderemos ser ou não ser. Conhecendo ou desconhecendo a lei .

Mas, certamente que nós não fazemos parte de associações que se dedicam a defender a causa dos excluídos sociais. Pois não?

E o que me incomoda é que tenham sido precisamente esses quem hipotecou um lado da causa, em prol de outro mais em voga.

Com direito a voto, e com lobbys internacionais .
[ “"Recent developments raise the likelihood that not even the oldest boy , who’s age would allow to be held legally responsible for his actions, will have to face trial for murder. In fact the case is being addressed by justice as a case of simple aggression. In Portugal, everything possible is being done to forget this horrible crime - without consequences, actions or legal changes." ]



O resto é histerismo de donas-de-casa ou papagaias de jornal.

Parabéns pelo post. Infelizmente foi esse sem-abrigo que se foi. Mas seria bom que, à custa disso, não se desejasse o cultivo de mais carreiras de crime, fazendo baixar a idade legal de forma a mandar crianças para a cadeia.

Têm boas alternativas. Pegarem naquela boa pipa de massa com que alimentam tanta agit prop e criarem eles protecções para sem abrigo e internatos para crianças.

Mas é sempre mais fácil e dá mais pica apontar o dedo inquisidor aos únicos que ainda os vão protegendo.

5:29 da tarde  
Blogger Zé "Prisas" Amaral said...

"...fazendo baixar a idade legal..."

Essa directriz na mente de quem ordena pode e manda, nunca será solução para a diminuição da criminalidade juvenil.

Recorro-me mais uma vez, segundo percebi o que a menina Zazie me tenha feito ver, a mais um ditado sobejamente conhecido; “quando encontrares alguém com fome, não lhe dês um peixe. Ensina-o a pescar”.

A única forma que prevejo, e a mudança do Código Penal poucas mexidas no essencial pode resolver, é numa trilogia de educação, escolarização e ocupação/ensino sócio-laboral.

Mas o país está teso, liso, ultrapassado. E a forma como se vê um excluído, um condenado, um desgraçado, também.

Daí que, apenas em algumas alturas em que os responsáveis pelo sector foram mijar, possam advir ideias novas.
Sempre condenadas a ficarem nas gavetas.

Mas os culpados somos nós (os daqui).
Porque é que não tivemos "juízo"?

Por vezes tenho sonhos onde o mundo me aparece como um paraíso.
Quando acordo...

2:37 da tarde  
Blogger zazie said...

Mas eu até vou mais longe: penso que o internamento que foi sentenciado é demasiado curto no tempo.

E também não faço parte daqueles que, perante uma vítima de um crime estendida no chão, em vez de a socorrerem desatam a gritar que têm de encontrar rapidamente o agressor pois está a precisar de ajuda.

Entendo que a lei serve para punir e repor “dívidas” sociais. Simplesmente a lei não é divina. Se o fosse cortavam-se a mão aos ladrões e a língua aos que difamam ou o pescoço aos que matam.

A lei é também uma forma de prevenção de males piores. E por isso não consigo encontrar vantagens em mandar crianças para a cadeia, deixando-os a aprender nessa escola de crime, para depois, quando saírem nos darem ainda maiores problemas.

Mas até admito que teoricamente se pudesse equacionar a tal idade legal prevista- os 16 anos e as alternativas de tipo de internamento que existem.

Não tenho certezas, não sou perita, não pesco nada de leis. O que não sou obrigada a acatar é o histerismo vendido nos jornais em que nem sequer se explica em que consiste a aplicação da justiça.

Nada! O que se escreveu foi barbaridade histérica que podia vir de qualquer analfabeta em comentários no mercado.

Que a culpa era do juiz e do MP! Assim, sem mais. Que eles é que não os prenderam. E dizem isto com a total impunidade da imbecilidade que campeia nos jornais.

Basta ler essa breve explicação da SMP que é uma miúda com formação jurídica para se notar a diferença. Ela sabe o que a lei permite, sabe que as leis não são feitas ali, no momento, pelo MP ou pelos juízes e sabe, como teve o cuidado de fazer notar que para se entender melhor era preciso estar a par do processo. Coisa que nem ela nem os comentadores de jornais estão.

E a questão com que embico há muito está bem à vista- essa desinformação e histerismo jornaleiro vem dos mesmos que estão mais interessados em ganhar pontos para as causas da “sexualidade alternativa” e que para esse fim todos o meios são válidos.

Na lógica histérica desses castigadores exemplares a lei devia ser alterada pelo facto de ser crime de homofobia ou transfobia ou lá que diabo de palavras que eles inventam.

O que significa que, sendo assim, a lei deveria permitir mandar por vários anos crianças que matem um homossexual ou trans, mesmo sem haver prova que tenha havido intenção premeditada de aversão a essa diferença sexual (pergunto eu- se o transsexual fosse rico e vedeta televisiva matavam-no também ou preferiam posar todos juntos para o retrato?)

E então como era no caso de haver um crime seriado (como acontece lá fora) em que em vez de morrer um trans eram mortas várias crianças de escola? O que faziam? A lei mantinha-se por não ser crime de ódio sexual ou tinham de ser obrigados a legitimar a pena de morta por mera necessidade de contabilidade de dano social?

Era isto. Com a agravante de quem andou para aí a gritar “esfola e mata” seja membro de organizações com apoios públicos e dinheiros públicos para se dedicarem à filantropia dos desfavorecidos ou marginalizados- neste caso todos- o sem-abrigo e os putos abandonados na instituição.

Como é? Para onde pesou a balança? Qual o móbil de tanta demagogia? Quem é sacrificado em prol do quê?

O que fazem eles socialmente a não ser pedir maior castigo para uns para que a causa e ao lobby dos tais orgulhos de sexualidade alternativa (não às pessoas) terem mais adeptos e marcarem mais pontos na agenda?

5:18 da tarde  
Blogger zazie said...

pena de morte e outras gralhas

5:19 da tarde  
Blogger Caucau said...

A lei deverá obedecer em primeira linha a um sentido ressocializador e, consequentemente, preveninido recidivas. A pena pela pena é, em última instância, uma pena para as sociedades.

10:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

o que fizeram a(o) Gisbert@ é a expressão do lado mais ignóbil da humanidade: ter prazer com o sofrimento de outrém, mais "fraco" no contexto, levado até à morte.

Dar lenha...

Que isso existe, é verdade, que os rapazes gostam de experimentar os limites do mundo também se sabe, e até pode ser entendido, mas não aceite, quando se trata de uma brutalidade covarde.

Eu fiquei e ainda estou triste com essa história. Para que eles e outros não esqueçam.

py

5:19 da tarde  
Blogger zazie said...

mas é claro que tudo isto foi repelente. Não é a primeira vez. Há um gosto preverso em se bater em quem está caído. E isso até pode incluir misturas entre afectos e repulsas como parece que foi o caso. Tanto lhe davam comida como foram tentados a maltratar. E creio que nem devíamos estar com pruridos em colocar de parte uma tipologia comportamental que funciona por bando. Por grupo tribal.
Basta ver o que também fazem com os animais. Há barbaridade por esses subúrbios como não havia há 50 anos atrás. Os animais enforcados em árvores, os rituais de toda a espécie que acontecem em Chelas... há um mundo tenebroso a germinar, disso não se tenha dúvida. E quanto mais pobreza e falta de alicerces familiares ou de noções de ordem pior.

Simplesmente nada disto pode automtaticamente se assacado a comportamentos de ódios sexuais.

Um exemplo desses temos no crime do negro no 10 de junho, praticado por skins que defendiam de facto uma prática dessas.

E nesses casos não sou contra o tal aumento de punição que aliás já vem no código. Essa treta do acrescento é para enganar papalvos e uns votos políticos. Mais nada.

Mas o caso não foi este nem o que se pediu foi isto. Pediu-se uma coisa que a lei não permite- prisão a jovens com menos de 16 anos.

E pediu-se que essa prisão fosse feita em nome dos tais crimes de ódio.

Duas barbaridades impossíveis de serem feitas no actual código legal cujas leis são aprovadas na assembleia. Não são feitas pelo MP nem pelos juízes.

E eu sou contra a descida da idade legal apenas para os tais casos (mal explicados) em que morre alguem com sexualidade diferente.

Nem existe em qualquer país uma anormalidade destas. Só pode existir na cabeça de taralhocos que aproveitam os jornais para galvanizar as massas.

8:54 da tarde  
Blogger zazie said...

esta tudo com erros e sem pontuação, mas foi à pressa e agora não faz muito sentido apagar e emendar. Peço desculpa

8:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Explicar o inesplicável?
Ter treze anos, quinze ou trinta, nestes casos tanto faz.
E não me venham cá com merdas que os putos não sabiam o que estavam a fazer. Tal e qual como aquele puto com doze primaveras já feitas que anda a roubar carros pelo país e quando é recolocado no tal Centro educativo volta a fugir e a fazer o mesmo, até que um dia atropele mortalmente alguém.
Depois dizem: coitadinho!
Isto faz-me lembrar aqueles gajos todos cheios de cursos e canudos que continuam mal-educados, arrogantes, e sem ponta que se lhe pegue no que trata às relações e regras sociais.
Eu sabia o correctivo que lhes dava. E a toda essa paneleiragem também.
Desculpa lá, ó Zé, estar para aqui a desabafar mas ainda sou do tempo antigo.

saddam, o dos fados

9:21 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

bem, vem aí uma...

9:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Kapikua! que eu dedico à memória d@ Gis, que, cheira-me, só queria ser feliz

py

9:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Desculpem.....
de relance vejo duas pessoas com razão:

O bloguer
"a violência atingiu hoje em dia elevados graus de gratuitidade e leveza."


Zazie
Têm boas alternativas. Pegarem naquela boa pipa de massa com que alimentam tanta agit prop e criarem eles protecções para sem abrigo e internatos para crianças.

excelente blogue

A continuar
Por mim, voltarei

2:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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4:29 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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Monte Phil
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4:52 da manhã  

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