Patriotismo
José Carlos Freitas, um não recluso, fez publicar num jornal desportivo a que temos acesso que um luxemburguês comum (mas não perfeito) não gosta muito de nós, portugas. Adiante, refere ainda, era um país que há 25-30 anos atrás colocava cartazes em restaurantes e outros lugares públicos a dizer: “PROÍBIDA A ENTRADA A CÃES E EMIGRANTES PORTUGUESES”.
Não que me incomode o “muito” nos dias d’hoje, tal dislate. Mas nos anos atrás referidos, era provável que não me importasse de cumprir mais uma pena por ter dado um tiro nos cornos ao(s) autor(es) de tal diatribe.
Tudo isto vem a propósito do mundial de futebol, que se prepara a passos largos, e onde a selecção nacional vai disputar mais um jogo de preparação. Precisamente contra o Luxemburgo.
Tentando aglutinar as atenções de uma perspectiva com validade a quem nos lê, devo confessar que nós, os reclusos de alma sombria e já perdida, ainda vamos dando algum colorido à vida que nos austera.
Possuídos de um patriotismo mórbido – já que não podemos fazer nada quanto a isso – por aqui também mantemos as bandeiras ao léu nas nossas celas e um nó na garganta quando ouvimos o hino nacional.
É que para além de assassinos natos, vigaristas, assaltantes e outras estirpes sociais de transgressão radical à lei, ainda somos (ou também somos) patriotas.
Daí, apetecer-me apelar aqui que, se nos quisessem dar uma oportunidade para redimir os nossos próprios pecados, teríamos recursos humanos suficientes para resolver a crise interna de Timor. Ou a criminalidade infantil nas escolas deste país e fazer cumprir promessas. Mesmo as eleitorais. Ou ainda, como dizia um ex-colega que já cá esteve, ajudar na inclusão dos mais desfavorecidos na acção primordial pretendida pelo Presidente da República.
Mais. Podiam contar com alguns de nós para apoiar o dia do cão ou, na melhor das hipóteses, aproveitar uns quantos braços na prevenção aos fogos que se aproximam com a chegada do calor e demais reduções orçamentais.
Nem que fosse a tiro!
Mas o mais importante seria ajudar na reconstrução da Casa Azul para os filhos das detidas em Tires.
Estou a brincar. Mas como a minha ala já foi praticamente toda de visita precária, apeteceu-me descarregar o azedume de quem cá fica.
Um bom fim-de-semana a todos porque o meu, estragado fica sempre.
Próximo tema: “Quanto (vos) custa um presidiário?” Ou então, alguma novidade que eles me tragam lá de fora.
ps – Tivemos uma abertura fantástica ao fim da tarde: podemos receber mensagens para responder às questões que alguém queira colocar. De princípio, não prometemos responder a todas. Mas hei-de dar a volta ao nosso “guru” para abrir mais algumas excepções. A vida não tá fácil, meus! Nem aqui, nem aí. Presumo eu.
Então vá: osolaosquadradinhos@gmail.com
Não que me incomode o “muito” nos dias d’hoje, tal dislate. Mas nos anos atrás referidos, era provável que não me importasse de cumprir mais uma pena por ter dado um tiro nos cornos ao(s) autor(es) de tal diatribe.
Tudo isto vem a propósito do mundial de futebol, que se prepara a passos largos, e onde a selecção nacional vai disputar mais um jogo de preparação. Precisamente contra o Luxemburgo.
Tentando aglutinar as atenções de uma perspectiva com validade a quem nos lê, devo confessar que nós, os reclusos de alma sombria e já perdida, ainda vamos dando algum colorido à vida que nos austera.
Possuídos de um patriotismo mórbido – já que não podemos fazer nada quanto a isso – por aqui também mantemos as bandeiras ao léu nas nossas celas e um nó na garganta quando ouvimos o hino nacional.
É que para além de assassinos natos, vigaristas, assaltantes e outras estirpes sociais de transgressão radical à lei, ainda somos (ou também somos) patriotas.
Daí, apetecer-me apelar aqui que, se nos quisessem dar uma oportunidade para redimir os nossos próprios pecados, teríamos recursos humanos suficientes para resolver a crise interna de Timor. Ou a criminalidade infantil nas escolas deste país e fazer cumprir promessas. Mesmo as eleitorais. Ou ainda, como dizia um ex-colega que já cá esteve, ajudar na inclusão dos mais desfavorecidos na acção primordial pretendida pelo Presidente da República.
Mais. Podiam contar com alguns de nós para apoiar o dia do cão ou, na melhor das hipóteses, aproveitar uns quantos braços na prevenção aos fogos que se aproximam com a chegada do calor e demais reduções orçamentais.
Nem que fosse a tiro!
Mas o mais importante seria ajudar na reconstrução da Casa Azul para os filhos das detidas em Tires.
Estou a brincar. Mas como a minha ala já foi praticamente toda de visita precária, apeteceu-me descarregar o azedume de quem cá fica.
Um bom fim-de-semana a todos porque o meu, estragado fica sempre.
Próximo tema: “Quanto (vos) custa um presidiário?” Ou então, alguma novidade que eles me tragam lá de fora.
ps – Tivemos uma abertura fantástica ao fim da tarde: podemos receber mensagens para responder às questões que alguém queira colocar. De princípio, não prometemos responder a todas. Mas hei-de dar a volta ao nosso “guru” para abrir mais algumas excepções. A vida não tá fácil, meus! Nem aqui, nem aí. Presumo eu.
Então vá: osolaosquadradinhos@gmail.com
9 Comments:
Bem, lá se vão transferir os comentaristas para o email.
O fim de semana é, apenas, uma mudança de rotina;o stress de teres que gerir o tempo que, de repente, te sobra, para sentires que o aproveitaste do melhor modo(Penso ser esta a tua rotina diária).Também os teus fins-de-semana hão-de ser, necessariamente, diferentes,qto mais não seja, por organização do próprio estabelecimento.Não contas com a liberdade física para usufruires deles, mas tens a liberdade de pensamento e de expressão(bem como a capacidade e possibilidade, rara se não única, na tua situação, de a transmitir, publicamente e por escrito).Se tivesse que optar entre as duas liberdades, não hesitaria em escolher a última.Portanto, bom fim de semana para ti também, Zé, que só não o tens se não quiseres.
Não tenho a certeza que os "comentaristas" se transfiram para o e-mail. As perguntas e as dúvidas de quem nunca passou por uma situação semelhante, podem e devem ser públicas, desde que não caiam no voyeurismo. E podem ir sendo esclarecidas em forma de post. Hoje, por exemplo, gostava de perceber qual o critério, se é que há, que permite a alguns passarem o fim de semna fora, enquanto outros têm de permanecer na prisão.
Maloud as saídas precárias estão relacionadas com o comportamento do recluso e pena cumprida, mas consulta o seguinte link se quiseres saber mais sobre o assunto http://www.dgsp.mj.pt/corpo_raberto.html
Eu acho óptima esta iniciativa mas, por muita simpatia e admiração que tenhamos pelo blogger não podemos esquecermo-nos que está em cumprimento de uma pena de prisão,onde as regras de segurança se impõem e devem ser respeitadas.
á, o teu português é impec, a poesia é muito boa, e a música bateu direito.
Manu Chau, Esperanza, também?
Agora e embora isto te possa parecer hipócrita, não esqueças que "existem vários indícios muito seguros" de que o espaço tem mais do que as 4 dimensões usuais do espaço-tempo, digamos 7, o nº de cores do arco-íris, e portanto nas três que sobram, só acessíveis mentalmente, vcs podem ter mais liberdade que nós cá. Treina a meditação, se achares bem.
py
haja esperança?
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=230743
py
Obrigada pelo link, Hella. Procuro não esquecer essa circunstância do Zé "Prisas" Amaral, mas tenho dificuldade em lidar com o conceito de prisão. Horroriza-me e assusta-me.
Super color scheme, I like it! Good job. Go on.
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Hey what a great site keep up the work its excellent.
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Keep up the good work. thnx!
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