Educar para a liberdade
Tentando fazer-me parvo um pouco menos do que realmente sou, considero que a sociedade portuguesa está em baixo. Os números da criminalidade, infelizmente, continuam a subir e os cães abandonados já ultrapassam o considerável. No resto do mundo, a coisa não está melhor e os assistentes sociais que se interessam pelas vidas reais cada vez são menos.
Segundo me lembro dos meus tempos de miúdo, a malta copiava sempre os exemplos dos nossos ídolos mais sofistificados ou mais simples. Fossem eles Maradonas, os tipos que se levantavam às cinco da matina para nos dar pão fresco, Rambos ou Michael’s Moore. Por aqui passa-se o mesmo. E, passe o exagero, “admiramos” aqueles que fazem, ou fizeram, os melhores assaltos, os melhores “trabalhinhos”, ou outros tantos que conseguiram enganar não meio-mundo, mas o sistema inteiro. E temos inquilinos por aqui que preenchem todos esses requisitos. Não descurando os políticos que geram a governação do país, por serem ainda mais exímios, e que ainda aqui não vieram parar.
Os exemplos que temos hoje em dia dão razão à maioria do pessoal que resolveu ter predisposição para delitos que constam dos seus próprios processos. Os Bush’s que decidem a forma de estar na vida, o compromisso de Davos e outras Carolinas das nossas esquinas escondidas, apenas atrapalham o raciocínio. Já os felinos potegidos parecem ter a vida facilitada quando se iniciam nos primeiros saltos, e nem precisam de saber que o nosso programa de TV favorito é Prision Break, ou que apoiamos o Sim no referendo que se aproxima.
Depois d’Abril, quer se queira ou não - onde somos legítimos herdeiros - ainda me parece que falta um apêndice à “Revolução”: educar para a liberdade. Mas é apenas um bitaite que me ocorreu. Momentaneamente.
Agora vou verificar como ficaram os semblantes dos que ficaram sem visitas. Dos que têm casos pendentes no Procurador, e de todos quantos me pedem para os ajudar a perceber porque será que este país só tem teóricos à frente das coisas que se podem resolver em menos de três tempos.
Também saber do que outros escreveram, publicaram, relatam ou cantam, também faz jeito. Estaremos sempre presos a isso.
2 Comments:
Não podia estar mais de acordo!De facto, esse caminho de educar para a liberdade ainda está por trilhar, pelo menos na opinião desta assistente social que se "interessa por vidas reais".
Essa foi a grande falha da transicção para o regime democrático, o que levou um país a pensar que a palavra que só conhecia de ouvir relatar, a liberdade, mais não seria que agir inconsequentemente. Continua a ser a granda falha da educação parental, da educação escolar e de todos os serviços de reeducação que dependem de tecnólogos que fora de gabinetes, asfixiam. De facto, quando um país não aprendeu a liberdade, tem primeiro de sentar-se, como os meninos do Huambo, à volta da fogueira para então aprender que "as estrelas são do povo".
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