Porta aberta
Esta nova lei do Código Penal proporcionou-me umas “férias” cá dentro. Autorizadas, mas sem direito a subsídio. Tipo semi-liberdade para tratar dos assuntos que me podem colocar lá fora um pouco mais cedo do que a lei que me penalizou estabeleceu como limite.
Se o Procurador não recuar, saio antes do Natal. Tenho as garantias exigidas: trabalho, habitação e uma pulseira. O Juiz que nos ouviu é um bacano. O arrependimento assumido e o “bom comportamento” escarrapachado na avaliação do Palacete contribuíram para a decisão que me pode ser favorável em menos de três tempos.
Quero começar uma vida nova e ficar “limpo”.
Mas aqui reside o busílis da questão: a adaptação. Quer dum gajo que sai da prisa, quer dum tipo qualquer que pode ter uma certa relutância em aceitar para empregado um ex-presidiário. O Programa do Governo é omisso nestas situações e a Assistência Social não funciona sem ter indicações viáveis em casos de reintegração específica.
É a merda do costume.
E como já estou habituado, a coisa pode resolver-se. Vontade de me reabilitar foi coisa que sempre tive. Falta a outra parte. A mais custosa: Legislação, meios de adaptação, oportunidades…
Eu desenrasco-me.
Tal como cinco por cento da malta que sai destas situações. Os outros 95 são os que me lixam a carola por questões humanitárias e de integração. Mas não sou eu que tenho a pasta da Justiça...