Porta aberta
Esta nova lei do Código Penal proporcionou-me umas “férias” cá dentro. Autorizadas, mas sem direito a subsídio. Tipo semi-liberdade para tratar dos assuntos que me podem colocar lá fora um pouco mais cedo do que a lei que me penalizou estabeleceu como limite.
Se o Procurador não recuar, saio antes do Natal. Tenho as garantias exigidas: trabalho, habitação e uma pulseira. O Juiz que nos ouviu é um bacano. O arrependimento assumido e o “bom comportamento” escarrapachado na avaliação do Palacete contribuíram para a decisão que me pode ser favorável em menos de três tempos.
Quero começar uma vida nova e ficar “limpo”.
Mas aqui reside o busílis da questão: a adaptação. Quer dum gajo que sai da prisa, quer dum tipo qualquer que pode ter uma certa relutância em aceitar para empregado um ex-presidiário. O Programa do Governo é omisso nestas situações e a Assistência Social não funciona sem ter indicações viáveis em casos de reintegração específica.
É a merda do costume.
E como já estou habituado, a coisa pode resolver-se. Vontade de me reabilitar foi coisa que sempre tive. Falta a outra parte. A mais custosa: Legislação, meios de adaptação, oportunidades…
Eu desenrasco-me.
Tal como cinco por cento da malta que sai destas situações. Os outros 95 são os que me lixam a carola por questões humanitárias e de integração. Mas não sou eu que tenho a pasta da Justiça...
9 Comments:
Olá Zé!
Já palpitava que a tua ausência deste espaço se deveria ao tratamentos de questões relacionadas com a possibilidade de saires daí mais cedo.
Fico a torcer para que tal suceda.
E isso será, obviamente, o primeiro passo.
É claro que, com a lucidez de que tens dados provas, sabes que a vida cá fora não será propriamente um mar de rosas.
Mas, para pessoas como tu, haverá sempre, mais tarde ou mais cedo, oportunidades para iniciares uma nova etapa da tua vida.
Boa sorte!
Também espero que sejas bem sucedido, Zé.
É bom pensar - e melhor seria saber - que neste país existem oportunidades para todos.
Um abraço.
também andava intrigada com esta ausência. Foi, felizmente, por boas razões.
Aposto em ti. E deixo um beijo.
Força, Zé. Malta desenrascada é que é preciso. Farto de atados do c...... já estou eu farto.
Como diz o Peciscas, esta merda cá fora não é um mar de rosas mas sempre deve ser melhor do que aí dentro.
saddam, o dos fados
Espero que este meu comentário não te seja amargo ou o encares como vulgaridade mas é a primeira vez que encontro um blog de alguém que está a viver o tipo de "experiência" que presumo que estás a viver.
Felizmente ou infelizmente o meu mundo nunca foi cruzado com alguém que está aprisionado e confesso que como futura psicologa criminal tenho grande interesse ou curiosidade em ler o que tens para dizer, conhecer um tipo de vida, o lado de dentro do que poucos conhecem.
Desde já quero congratular-te pela iniciativa de apesar de estares fechado saires para o mundo através da escrita.
Parabens e espero não ter ferido susceptibilidades com este comentário.
Espero - arrisco esperamos - que continues a escrever.
A tua pena lúcida e desassombrada, passe o pleonasmo, é daquelas coisas frescas e enriquecedoras. Cá fora também há prisas, por isso assunto não vai faltar.
Boa sorte e aguenta-te à bomboca.
welcome back... ;)
já tens a tradução lá na caixa de comentários do férias..
brigada pela visita.. és sempre bem vindo!!
:)
bjo
Só para deixar um olá saudoso. Com tempo voltarei!
Neste fim de semana estou a mostrar o teu blog, nas minhas viagens na blgosfera.
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