domingo, julho 08, 2007

Um tiro na tola



Agora que é público (mas sabemos de fonte segura que o caso está a ser abafado), temos toda a legitimidade para divulgar os relatos de gajos - meus companheiros de cela - que sempre disseram que muito boa gente come à pala da droga. Eles é que “tiveram azar e foram fodidos” é a desculpa. Mas por uma questão de princípio e limitações internas a que estamos sujeitos, não o fazemos.

O que nos espanta é o deixa andar em que esta sociedade vive, que se diz justa e livre, e não pune e castiga os órgãos que devem ser de incontornável seriedade, como fazem com os nossos delitos. A Polícia Judiciária, ou qualquer outro órgão institucional que garanta o funcionamento quase perfeito da sociedade em geral, não pode ficar de fora.

E se fizermos uma introspecção a casos que estão a cair no esquecimento global e a inúmeros branqueamentos por forças ocultas deste país, podemos verificar que a Justiça, essa diva de olhos vendados, se a venda lha tirassem, com outro olhar sentiria que não somos só nós que merecemos estar aqui.

Parafraseando o sapateiro dum grande filme português: ou há moralidade ou comem todos.

7 Comments:

Blogger peciscas said...

Amigo Zé, tu sabes,infelizmente, melhor do que muita gente, que, quando o mar bate na rocha só se lixa o mexilhão!
Mas essas notícias deixam-nos mesmo inquietos. É claro que não se pode tomar a parte pelo todo e continuo a acreditar que a maioria dos polícias é honesta e íntegra.
No entanto, nunca se sabe quando é que nos toca sofrer as consequências das tropelias dessa tal parte.

5:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É a tal merda que esta vida neste país tem, Zé; uns comem os figos e a outros arrembenta-lhes a boca.

Mas há mais. Isso garanto-te eu.

saddam, o dos fados

7:48 da tarde  
Blogger ...QUE VOA... said...

"Agora que é público (mas sabemos de fonte segura que o caso está a ser abafado), temos toda a legitimidade para divulgar os relatos de gajos - meus companheiros de cela - que sempre disseram que muito boa gente come à pala da droga. Eles é que “tiveram azar e foram fodidos” é a desculpa. Mas por uma questão de princípio e limitações internas a que estamos sujeitos, não o fazemos."

Zé a grande mudança parte de dentro para fora. há que lutar contra limitações e acreditar o que custa é o primeiro passo. pode ser pequeno mas este foi de grande valor

3:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Concerteza que há em todas as profissões e em todos os meios pessoas que descarrilam e infringem as regras mais básicas. Mas acredito que são excepções (na PJ) e que os que estão presos não são só "por azar". O que está mla é fazer as asneiras, o azar não tem nada a ver com isto...

Azar é uma pessoa trabalhar no duro, pagar impostos, ser honesta, trabalhar para educar filhos e depois ser, por exemplo, roubada por alguém que precisa de droga e agride quem está mais à mão!!

Coisas no lugar e ordem nas ideias, que não é por haver alguns polícias desonestos que os desonestos apanhados são mais honestos, têm menos culpa ou devem ser mais desculpáveis - não é?


Anónimo 5

3:20 da tarde  
Blogger Zé "Prisas" Amaral said...

Anónimo 5, nunca dissemos que somos desculpáveis. O que apenas se quer referir - e acho que já uma vez "falámos" disso - é o modo como a engrenagem social está organizada e permite discrepâncias que a Justiça teima em corromper.
Só isso.

7:49 da tarde  
Blogger Zé "Prisas" Amaral said...

Joana, é precisamente sobre isso (as mudanças de dentro para fora) que estamos a tentar descobrir com o texto lá mais acima.

Saddam, tu percebeste. O final do teu comentário, a gente também sabe.

Professor António, é sempre uma honra tê-lo por aqui (salvo seja.)
E também reconhecemos que uma árvore não é a floresta.

7:55 da tarde  
Blogger Paula Raposo said...

Nem mais. Subscrevo.

5:12 da tarde  

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