sexta-feira, junho 15, 2007



Soubemos hoje que a dona Isabel Stilwell é a nova directora do gratuito Destak.
E bastou-nos dez minutos na pesquisa ao Google para sabermos mais coisas sobre a senhora. Tal como ter sido redactora no DN, colaboradora na Elle e na Marie Claire, além de fundadora da Pais & Filhos e que, a nosso ver, até é uma cota bem parecida.

Mas o que vem a propósito é o Editorial que ela assinou no assumir do cargo. Destaka a prioridade de assuntos que já referimos neste espaço, mas que é sempre importante relembrar: as armas ilegais, os guetos urbanos, os miúdos de armas na mão.
Pelo estilo da escrita e o curricular que a tal pesquisa nos mostrou, a madame vive bem e escreve livros. E preocupa-se com estas merdas. Dou-lhe razão. Hoje em dia são os filhos destes gajos, meus amigos de cela e outras variantes, que estão na berlinda. Amanhã, espero bem que não, podem ser os filhos dos fulanos e das cicranas que escrevem nos blogues e acontece terem já falado do assunto e julgam estar com o credo na boca ao analisar o caraças da questão, ou assustarem-se da hipótese lhes entrar pela porta dentro. É que conforme esta treta anda, ninguém pode afirmar que está seguro. Nem o António José, que tem um casal de filhos, e até é licenciado em Relações Internacionais, e que por norma e equilíbrio mental, deseja o melhor para o futuro deles.

Ao contrário da análise que um amigo faz de mim, eu não sou doutor. Nem engenheiro ou catedrático, e muito menos possuo pergaminhos no meu curriculum vitae que me façam sentir especial. Sou apenas o produto parido da sociedade que me criou - parece Zeca Afonso, fixe? – mas basta apenas saber, ou estar por perto, destas realidades que não têm nada de virtual, para concluir com um ponto de afirmação. São casos reais de comportamentos juvenis adulterados por exemplos gratuitos de violência infantil, onde as estruturas sociais não encontram solução no volte-face das sociedades modernas, e muito menos os pais deles, na básica estrutura que as sociedades mais avançadas já encontraram.

Sei é que continuamos a debater o problema por baixo, e poucas pessoas se preocupam com o essencial no futuro das próximas gerações. Quase que estava para plagiar o sms sobre o Professor Fernando Charrua que O Jumento (link) teve a ousadia de publicar: “somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um filho da puta”.

Mas,provavelmente, o aeroporto terá prioridade.

14 Comments:

Blogger peciscas said...

Ao que disseste, só acrescento o seguinte: essa senhora e o psicólogo Eduardo Sá, têm um programa na Antena 1 (muito ao estilo de "tias da linha") que atesta bem a frivolidade desta gente.
Escrevi, há dias, umas coisas sobre esta dupla que já não tenho pachorra para escutar.

7:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Crítica mordaz? Talvez. Mas tens razão. A maior parte da malta nova tá-se a cagar para a educação dos filhos.

Alguns até, nem recuperados estão de coisas que aqui não quero dizer.

Mas vou por ti, ou melhor, vou sobre o filho da puta que acha melhor um aeroporto do que se preocupar com o futuro dos putos deste país.

9:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu devo confessar o meu espanto por ter encontrado este blog. Não sabia que os reclusos têm acesso à net, a informção e jornais diários e a escrever blogs. Faz-me pensar que é, realmente, um desperdício, tanta gente válida encarcerada e tanta coisa para se fazer no mundo em que estamos. Faz-me sobretudo pensar que as possibilidades que demonstram em escrita foram mal orientadas para estarem presos - a inteligência falhou algures no percurso, afinal pensar-se mais esperto que os outros é má ideia...dá pena de prisão para alguns (poucos) e deve dar algum desassossego aos muitos que enganam os outros por aí fora.
Senhor Zé Prisas, prazer em conhecê-lo. Além de escrever blogs em que se ocupa aí dentro? O que estuda? Em que passa o tempo livre? Em que aproveita a estadia (a custo zero de hotelaria...) no tempo livre que tem?

Anonimo 5

3:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Parei aqui por mero acaso... um post levou a outro e depois houve que digerir...
As surpresas foram várias, não vale a pena enumerar - de certeza que seriam repetições de comentários de outros visitantes...

Vou passar por aqui mais vezes...

12:23 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bem visto, Zé. E preocupante, claro.

saddam, o dos fados

11:40 da manhã  
Blogger Zé "Prisas" Amaral said...

Olá, rapaziada.
Já uma vez referi que, mesmo os anónimos que não deixam mail ou link para podermos ter a curiosidade de saber o que fazem ou escrevem, são pessoas que nos deixam umja palavra amiga.
Para quem está na nossa situação, a coisa torna-se menos confrangedora e mais sustentável.

Os nossos agradecimentos.

Quanto às questões que o Anonimo 5 coloca, estará por aí em algures nos arquivos. Não deve ser difícil descobrir as respostas visto que esta experiência-piloto só tem um ano. E no site do EPL pode saber de coisas mais.

Como diz um nosso amigo que nos tem ajudado nos blogues, a gente vê-se por aí.

Cumprimentos a todos.

12:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Perdoe então a franqueza, mas quando diz ser "o produto parido da sociedade" discordo. A sociedade está mal (é público e notório, toda a gente vê) mas nem toda a gente decide enveredar por caminhos de desrespeito e crime. Ou seja: não será maior coragem e orgulho resistir justamente às ciladas e armadilhas da pouca sorte e manter as rédeas da vida nas nossas próprias mãos? Há tanta gente que o faz. Heróis desconhecidos ou patetas que se deixam enganar? Quem engana quem então? De que lado se fica quando se vai preso?

Bons blogs e bom trabalho

Anónimo 5

5:49 da tarde  
Blogger Zé "Prisas" Amaral said...

Anónimo 5, (desta vez com acento), tem todo o direito de concordar ou discordar dos notórios e públicos malefícios com que a sociedade “vê” a franqueza parida.

Mas se parar um pouco na análise primária que faz, verificará que os caminhos de desrespeito e crime não fazem parte da educação preliminar de qualquer criança. Mesmo até das nossas, que fomos condenados depois dos dezoito, por disparates a que esta juventude está sujeita.

O que sucede, é que essa própria sociedade que cria as armadilhas e ciladas, onde os mais carenciados e menos privilegiados na distribuição da riqueza e da cultura caiem mais depressa, não sabe dar respostas à vida das pessoas que não conseguem ter neste país a decência de saber lidar com as injustiças e desigualdades.

Se me conseguir perceber, é fácil tolerar a indignação dos enganados. Mais difícil será perceber a razão que levam estes gajos, como eu, a cometer deslizes comprometedores que enveredam por tais caminhos.

Pode ser uma questão de patetice, concordo. Porém, e como refere o subtítulo deste espaço que “ninguém nasce com cadastro”, é apenas tentar perceber o que leva a malta enveredar por aí.

Saberá explicar, Anónimo 5?

12:17 da manhã  
Blogger peciscas said...

Passo outra vez por aqui, para me espantar um bocado com a quantidade de comentários anónimos que por aqui vejo.
Será que a situação particular do Zé terá a ver com algum receio de algumas pessoas em se identificarem um pouco mais, eventualmente porque imaginam que poderão "comprometer-se"???

11:56 da manhã  
Blogger eduardo said...

O António está comámim.
Mas "isto" não se pega.

Um abraço à rapaziada, Zé.

4:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Deixe-me então, se me permite, tentar esclarecer o que penso acerca dos "deslizes comprometedores" como lhe chama, indo à raiz do conceito: quem faz os deslizes NÃO é a sociedade (a sociedade não é ninguém, é um contexto).
As pessoas, individualmente, escolhem caminhos. Essas escolhas são determinadas por muitas variáveis, é claro, mas a última de todas é a VONTADE de cada um.

Ou seja, considerando que não existem déficits intelectuais major, e que toda a gente sabe que as acções de cada um se repercutem nos outros, a MINHA decisão ( ou a sua, ou a de qualquer outra pessoa) é que vai determinar por onde vou ( e como).

Então porque é que decido mal? 1-Porque sou cobarde e escolho o caminho mais fácil? 2-Porque quero mais do que o que posso ter e não olho a meios? 3-Porque, apesar de saber que prejudico alguém isso me é indiferente (já que não me sinto obrigado a respeitar nada nem ninguém)? 4-Porque acho que sou espertíssimo e ninguém me apanha e portanto não faz mal? 5-Porque os meus valores são movediços e permissivos e se adaptam ao que me apetece em vez de suportarem firmemente as minhas decisões ?

Podia continuar com as perguntas mas as respostas possíveis só terão eco quando perceber que "a sociedade" depende de cada um - a sua sociedade é o contexto da sua vida e cabe a si (e não aos outros) comandar a sua vida da forma mais sensata. Como lhe cabe respeitar os outros e não os UTILIZAR para atingir os seus fins - por muito injustiçado que se possa sentir.

No fundo, perceber o velho argumento de que a sua liberdade não pode colidir com a liberdade dos outros, e os seus direitos não são compatíveis com o abuso dos outros. Faz sentido? Ou faz mais sentido ser obrigado a ir para a prisão gastar a vida (porque as sociedades, é claro, tendem a defender-se de quem as agride...)?

Ponha o cérebro a funcionar - você não é burro e é capaz de perceber estas coisas de certeza...

Anónimo 5 (com acento e tudo)

5:52 da tarde  
Blogger Pedro Boavida said...

a mulher é gira, desde que trabalhe bem em prol da leitura.
tasse bem.
outra cena o que se anda a ler por essas bandas?
Ler-livros

11:22 da tarde  
Blogger Zé "Prisas" Amaral said...

Pedro, nestas bandas as cenas mais lidas são: a Bíblia, o Kama Sutra e O Conde de Monte Cristo.

Mas estamos a tentar inverter essa tendência.

10:54 da manhã  
Blogger MCP said...

Nunca imaginaria que o que mais se lê no EPL fossem três obras importantes no património literário mundial...

9:58 da manhã  

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