O estado da nação
Enquanto esperamos o relatório da subcomissão parlamentar (três meses? três anos? três décadas?) sobre “os finalmente” a que vão chegar sobre o estado das prisões portuguesas, podemos ir fazendo um esforço na comparação - mesmo que superficial - com o estado do país. E ao ouvir atentamente os discursos comemorativos do 25 de Abril, ou mais recentemente o debate mensal na AR com o PM, rapidamente chego à conclusão que a coisa pública não está melhor nem pior que nós, antes pelo contrário. E têm rosto. “Dão” na televisão, vêm nas notícias da manhã e abrem os telejornais.
Sarcasticamente ou talvez não, até os piores intrujas que dormem aqui dentro, e são minha diária companhia, “têm” o seu partido, o seu clube, as suas próprias ideias quanto ao funcionamento de uma sociedade que se diz livre. Ou melhor, retratam-se nas pessoas públicas, movimentos cívicos e gangs. Numa palavra; conotam-se. Sobretudo com a última.
Sabemos que os exemplos a que me refiro não são propriamente conhecidos do grande público. No entanto, se eu aqui escrever que Fulano de Tal está condenado por furto, extorsão, várias ilegalidades financeiras ou uma simples posse ilegal de arma de fogo e é militante do partido xis, é claro que os órgãos soberanos da direcção da força partidária em causa aprestam-se a desmentir qualquer vinculação a tal prova.
Da mesma forma estarei à vontade para afirmar que o mesmo se passa no mundo futebolístico, nas empresas prospectoras do mercado imobiliário/construção, nos accionistas maioritários dos novos projectos e nos grandes grupos económicos. Isto é verdade. E recuso-me por um dia a não ter que recorrer às notícias da comunicação social ou dos blogues para o provar.
Numa consequência final, e por muito que me esforce, ainda não percebi onde falhei no golpe que queria dar. A sério. Provavelmente falhei nos meios e nos recursos. Nas técnicas habilidosas que agora tanto se fala, visto que outros às claras e mais notórios neste Portugal de que tanto gosto, fizeram e fazem bem pior e continuam imunes.
Deve ser um problema de Justiça.
Ou na melhor das hipóteses, do estado da nação à qual a malta livre aí por fora continua agrilhoada. Ou conotada.
Nada melhor que um Benfica - Sporting para acalmar as hostes.